Após saída de Sabino, Lula empossa indicado do União Brasil no Ministério do Turismo nesta terça
23/12/2025
(Foto: Reprodução) União Brasil pede cargo, e Lula anuncia saída de Sabino do Turismo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dará posse nesta terça-feira (23) a Gustavo Feliciano, indicado pelo União Brasil para assumir o Ministério do Turismo após o partido pedir o cargo que era ocupado por Celso Sabino, em uma cerimônia no Palácio do Planalto.
Sabino foi expulso do União Brasil depois de permanecer na chefia da pasta mesmo diante do ultimato do União para deixar o governo.
A legenda havia anunciado rompimento com o Palácio do Planalto e pedido para que seus ministros deixassem o governo. Sabino contrariou a orientação.
Foram poupados os ministros do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e das Comunicações, Frederico Siqueira, por serem apadrinhados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Apesar da determinação, o União passou a reivindicar a cadeira de ministro, o que abriu espaço para uma reaproximação entre o governo e o partido.
Hugo Motta, Gustavo Felicano, Lula e Damião Feliciano na indicação de Gustavo ao cargo de ministro do Turismo
Ricardo Stuckert/PR
A escolha de Feliciano envolveu a bancada governista do União na Câmara, que entendeu que os deputados mereciam manter um representante na Esplanada.
Feliciano está sem partido, mas já foi filiado ao União na Paraíba. Ele foi terceiro vice-presidente do diretório estadual, comandado pelo senador Efraim Filho (União-PB).
Ele é filho do deputado Damião Feliciano (União-PB) e já foi secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico do estado da Paraíba entre 2019 e 2021.
O novo ministro do Turismo é aliado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que se reaproximou do Planalto depois de atritos com Lula a respeito do Projeto de Lei Antifacção, que tramita no Congresso.
"Parabéns ao meu amigo e conterrâneo Gustavo Feliciano pelo convite para ser ministro do Turismo. O cargo está com o ministro do estado certo", comemorou Motta pelas redes sociais.
União Brasil no governo
O União Brasil, que indicou Sabino, pediu o cargo após ministro ser expulso de partido – mesmo tendo anunciado em setembro a saída definitiva da base do governo Lula, decisão que causou a expulsão de Sabino do partido após o então ministro não deixar o cargo.
Em setembro, o União Brasil aprovou uma resolução exigindo que filiados ao partido deixassem cargos ocupados no governo de Lula.
Segundo o texto da norma, chancelada pela cúpula nacional da sigla, os membros que não abandonassem a gestão Lula poderiam ser punidos disciplinarmente.
🚫 Entre as punições previstas no estatuto do partido, está a expulsão. E foi o caso de Sabino, que optou por permanecer no comando do Turismo.
Embora tenha anunciado a medida dura, o partido e deixou brecha para que o partido continue influenciando decisões. A decisão não afetou os ministros Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico Siqueira (Comunicações).
Embora as pastas sejam atribuídas a lideranças do partido, eles não são filiados à sigla:
Waldez Góes é ministro desde o início do mandato de Lula. Ele é filiado ao PDT, mas deixou as funções partidárias para assumir o ministério como indicado do União Brasil, mais especificamente de Davi Alcolumbre.
Frederico Siqueira foi nomeado e empossado ministro das Comunicações em abril com apoio da bancada da Câmara do União Brasil. Ele assumiu a vaga deixada por Juscelino Filho (União-MA), que deixou o cargo após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostas irregularidades em emendas parlamentares.
Após a demissão de Juscelino, o cargo ficou vago por duas semanas. Durante esse período, o União Brasil chegou a indicar Pedro Lucas, deputado pelo Maranhão e líder do partido na Câmara.
Pedro Lucas foi anunciado como futuro ministro, no entanto, dias depois ele pediu desculpas a Lula em uma nota e disse que não aceitaria o convite.
Por trás da recusa, estava uma disputa interna no União Brasil, e o medo do grupo mais próximo a Rueda e a Pedro Lucas de perder influência na bancada da Câmara.
Juscelino Filho, Pedro Lucas e Waldez Góes em reunião para indicação de Gustavo Feliciano
Ricardo Stuckert/PR
Lula e Rueda
A exigência para que os filiados deixassem a gestão Lula foi aprovada após a veiculação de reportagens que apontam uma suposta conexão entre o presidente nacional do partido, Antonio de Rueda, e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Rueda nega.
Em nota à imprensa na época, o partido indicou enxergar influência do governo federal na divulgação das informações. A sigla afirmou que havia uma "percepção de uso político da estrutura estatal" para desgastar Rueda.
Além disso, o partido se juntou ao PP, cujo presidente é Ciro Nogueira (PP-PI) – ex-ministro e apoiador de Jair Bolsonaro (PL) – em uma federação partidária.
A avaliação interna União Brasil é de que a situação se tornou insustentável após o presidente Lula dizer que o presidente do partido não gosta dele, nem do governo. Lula disse que também não gosta de Rueda.
Após a fala de Lula, Antonio Rueda soltou uma nota rebatendo o presidente.
"A fala do presidente evidencia o valor da nossa independência e a importância de uma força política que não se submete ao governo", dizia trecho da nota.