Polêmicas com Master geram constrangimento no STF, e ministros defendem 'freio de arrumação'
23/12/2025
(Foto: Reprodução) Polêmicas com Master geram constrangimento no STF
Superado o momento de maior coesão entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), devido aos julgamentos relacionados aos atos de 8 de janeiro, o clima atual tende a ser de fragmentação interna, com a retomada de posições próprias e avaliações distintas sobre temas sensíveis. Isso ficou evidente no debate em torno do código de conduta proposto pelo atual presidente da Corte, o ministro Edson Fachin.
A iniciativa, que ainda não tem um texto fechado, expôs divergências nos bastidores e passou a gerar manifestações públicas, como a do ministro Gilmar Mendes. Embora haja discordâncias sobre o alcance e a forma do código, a avaliação entre integrantes do STF começa a criar um ambiente de que o Supremo precisa dar algum tipo de resposta institucional diante das polêmicas recentes.
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Nos bastidores, cresce a cobrança por um “freio de arrumação” — especialmente diante dos desdobramentos do caso Master. A revelação de viagens do ministro Dias Toffoli em um jatinho com advogado ligado a um dos envolvidos e, sobretudo, o contrato firmado pela esposa do ministro Alexandre de Moraes são apontados como fatores de forte constrangimento interno.
Conforme o blog da Malu Gaspar no jornal "O Globo", Moraes entrou em contato com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para discutir a venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB).
Ainda segundo o blog da Malu Gaspar, os contatos ocorreram às margens de um contrato do escritório de advocacia da esposa do magistrado, Viviane Barci de Moraes, para prestação de serviços jurídicos ao Banco Master.
Em notas divulgadas separadamente nesta terça-feira (23), Moraes e o BC disseram que o encontro com Galípolo foi para tratar dos efeitos da aplicação, contra o magistrado, da lei Magnitsky (leia a íntegra dos posicionamentos ao final deste post).
No caso específico do contrato, o incômodo é maior. Ministros relatam desconforto com a ausência de um objeto claro e de explicações convincentes sobre o serviço prestado e o valor pago.
Nos bastidores, cresce a cobrança por um “freio de arrumação” com código de conduta para ministros do STF.
Jornal Nacional/ Reprodução
Esse vácuo de informações, segundo avaliações internas, dificulta a tentativa de estancar o desgaste da imagem do STF, que segue no centro das atenções e sob forte pressão pública.
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Embora tenha havido explicações recentes sobre reuniões relacionadas à Lei Magnitsky, envolvendo o presidente do Banco Central e o ministro Alexandre de Moraes, o ponto central — o contrato — permanece sem esclarecimentos. É justamente aí que se concentra a principal cobrança entre os ministros: a necessidade de transparência para reduzir o desgaste institucional.
Nesse contexto, aliados avaliam que Fachin vai aproveitar para insistir na proposta do código de conduta e tentar criar um ambiente favorável para que o projeto avance, aproveitando o momento de maior sensibilidade interna. Ainda assim, há críticas à forma como o tema foi inicialmente discutido fora do Supremo e à falta de um texto consolidado.
O que se percebe é um STF marcado por constrangimento silencioso. Publicamente, os ministros evitam declarações mais duras, mas internamente reconhecem que a situação está se tornando delicada — e que explicar melhor os fatos pode ser o único caminho para conter o desgaste acumulado.
Veja as íntegras das notas de Moraes e do Banco Central
Alexandre de Moraes
"O Ministro Alexandre de Moraes esclarece que, em virtude da aplicação da Lei Magnitsky, recebeu para reuniões o presidente do Banco Central, a presidente do Banco do Brasil, o Presidente e o vice-presidente Jurídico do Banco Itaú. Além disso, participou de reunião conjunta com os Presidentes da Confederação Nacional das Instituições Financeira, da Febraban, do BTG e os vice-presidentes do Bradesco e Itaú. Em todas as reuniões, foram tratados exclusivamente assuntos específicos sobre as graves consequências da aplicação da referida lei, em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária, contas correntes, cartões de crédito e débito", diz a nota.
Banco Central
"O BC confirma que manteve reuniões com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky".